O ano 2000 ficará marcado na história dos Estados Unidos e do mundo por ter sido palco da eleição presidencial mais confusa e feroz em muitos anos. George W. Bush – até então governador do Texas – e Al Gore – vice-presidente norte americano, na época – disputavam o posto, que seria decidido após a contagem dos votos no Estado da Flórida; ou seja, o pleito seria decidido graças aos votantes deste Estado. Entretanto ao fim da apuração todos estavam diante de um empate técnico, o que levou à Suprema Corte determinar que uma recontagem manual entrasse em vigor para, de fato, mostrar quem seria o verdadeiro vencedor.
Este extraordinário telefilme apresenta as cinco dramáticas semanas durante as quais se foi feita, com muita cautela, a tal recontagem. Ao passo que Bush recebia constantemente uma injeção de ânimo de seu conselheiro de campanha, o carismático James Baker (Tom Wilkinson), Gore no fundo tinha a certeza de que sairia derrotado. Mas com o intenso trabalho de seu fiel conselheiro de comitê Ron Klain (Kevin Spacey), consegue ter suas esperanças renovadas a cada boa notícia lançada. Entre outros personagens importantes para a trama, como David Boies (Ed Begley Jr.) e Michael Whouley (Denis Leary), respectivamente advogado e estrategista da campanha de Gore, temos a deslumbrada e, ao menos pra mim, encantadora Secretária de Estado da Flórida Katherine Harris (Laura Dern). Ela, em especial, a partir de discursos e diálogos esquisitos e ao mesmo tempo interessantes, foi peça chave na eleição.
Escrito por Danny Strong (e, pasmem, ele é estreante como roteirista), o filme ganha dimensões muito humanas e reais pelas mãos do diretor Jay Roach que faz um trabalho fantástico. O que pode incomodar muitos dos espectadores é que ele torna-se bastante frenético e essa agilidade na montagem vem com informações constantes que merecem atenção total. Todos os diálogos são trabalhados de forma ímpar e o filme não se coloca a favor nem de Bush e nem de Gore; a sua intenção é mostrar o quão justa ou injusta – tire suas próprias conclusões – foi a eleição norte-americana em 2000. Todos os personagens estão sob uma pressão intensa durante todo o telefilme. E o mais interessante é que o roteirista insere tiradas cômicas que servem para mascarar a dramaticidade destas cinco semanas confusas e decisivas; é uma forma de mostrar o nervosismo dos principais envolvidos.
Eu simplesmente acho a fotografia deste material da HBO sensacional. Azul, vermelho e branco dominam os cenários e a freneticidade da edição joga a favor do fotógrafo. E por falar em edição, estamos diante de um dos filmes para TV mais bem montados que já vi. Não sentimos o filme passar, mesmo com quase duas horas de política pura e aplicada. Além de tudo, o elenco é no mínimo genial. Tom Wilkinson, Denis Leary e Kevin Spacey são incríveis, mas acredito que o que Laura Dern faz é algo brilhante! Não sabemos ao certo se sua Katherine Harris é ingênua ou absurdamente esperta. Só sei que é uma belíssima composição. Quase noventa e nove por cento dos aspectos da fita jogam ao seu favor e, desta forma, Recontagem é obrigatório para quem gosta de política e qualidade.
Nota: 9,5
Recount; EUA, 2008; DRAMA; de Jay Roach; Com: Kevin Spacey, Laura Dern, Tom Wilkinson, Denis Leary, Ed Begley Jr., Bob Balaban, John Hurt, Bruce McGill.
Este extraordinário telefilme apresenta as cinco dramáticas semanas durante as quais se foi feita, com muita cautela, a tal recontagem. Ao passo que Bush recebia constantemente uma injeção de ânimo de seu conselheiro de campanha, o carismático James Baker (Tom Wilkinson), Gore no fundo tinha a certeza de que sairia derrotado. Mas com o intenso trabalho de seu fiel conselheiro de comitê Ron Klain (Kevin Spacey), consegue ter suas esperanças renovadas a cada boa notícia lançada. Entre outros personagens importantes para a trama, como David Boies (Ed Begley Jr.) e Michael Whouley (Denis Leary), respectivamente advogado e estrategista da campanha de Gore, temos a deslumbrada e, ao menos pra mim, encantadora Secretária de Estado da Flórida Katherine Harris (Laura Dern). Ela, em especial, a partir de discursos e diálogos esquisitos e ao mesmo tempo interessantes, foi peça chave na eleição.
Escrito por Danny Strong (e, pasmem, ele é estreante como roteirista), o filme ganha dimensões muito humanas e reais pelas mãos do diretor Jay Roach que faz um trabalho fantástico. O que pode incomodar muitos dos espectadores é que ele torna-se bastante frenético e essa agilidade na montagem vem com informações constantes que merecem atenção total. Todos os diálogos são trabalhados de forma ímpar e o filme não se coloca a favor nem de Bush e nem de Gore; a sua intenção é mostrar o quão justa ou injusta – tire suas próprias conclusões – foi a eleição norte-americana em 2000. Todos os personagens estão sob uma pressão intensa durante todo o telefilme. E o mais interessante é que o roteirista insere tiradas cômicas que servem para mascarar a dramaticidade destas cinco semanas confusas e decisivas; é uma forma de mostrar o nervosismo dos principais envolvidos.
Eu simplesmente acho a fotografia deste material da HBO sensacional. Azul, vermelho e branco dominam os cenários e a freneticidade da edição joga a favor do fotógrafo. E por falar em edição, estamos diante de um dos filmes para TV mais bem montados que já vi. Não sentimos o filme passar, mesmo com quase duas horas de política pura e aplicada. Além de tudo, o elenco é no mínimo genial. Tom Wilkinson, Denis Leary e Kevin Spacey são incríveis, mas acredito que o que Laura Dern faz é algo brilhante! Não sabemos ao certo se sua Katherine Harris é ingênua ou absurdamente esperta. Só sei que é uma belíssima composição. Quase noventa e nove por cento dos aspectos da fita jogam ao seu favor e, desta forma, Recontagem é obrigatório para quem gosta de política e qualidade.
Nota: 9,5
Recount; EUA, 2008; DRAMA; de Jay Roach; Com: Kevin Spacey, Laura Dern, Tom Wilkinson, Denis Leary, Ed Begley Jr., Bob Balaban, John Hurt, Bruce McGill.
20 comentários:
Taí um filme que eu quero muito ver...
Bem, o telefilme deve ser mesmo bom. Há uns tempos perdi-o na tv mas é uma falhar que terei de colmatar rapidamente ainda depois de todos os teus elogios.
Abraço
"Recontagem", definitivamente, é um belíssimo trabalho. E surpreende porque tem na direção o Jay Roach, que fez obras contestáveis no cinema. A questão é que, com esse telefilme, ele não tinha como errar, afinal tem um belíssimo roteiro em mãos e um elenco afiadíssimo em tela.
Beijos!
Desconhecia este telefilme. Mas pelo que falas aqui deve ser bastante motivante. Um filme a ver. :)
Abraço.
Nespoli, é excelente.
Fifeco, eu consegui assistí-lo pela HBO mas demorei a escrever sobre ele. Por esses idas, porém, minha mãe o alugou e eu pude rever, o que me motivou no texto. Abs!
Kami, exatamente! Fiquei louco pra ver logo depois que li o seu texto há uns meses atrás. Belo trabalho! Beijos!
Fernando, ele foi indicado a vários prêmios Emmy. Uns 11, se não me engano. Vale a pena. Abs!
Quero muito ver. Tentarei o possível qq dia desses.
Abraços!
Está anotado. Só tenho que esperar que a televisão portuguesa me faça o 'favor'... :)
Abraço.
Já estava com vontade de ver - pelas indicações a prêmios e a história em si - mas após ler sua coluna fiquei ainda mais interessado. Vou tirar uma semana para ver "Recount" e "John Adams".
Rapaz, eu não conhecia isso não! Ótima crítica que me deixou com vontade de conferir... Abs!
Ainda não tive oportunidade de assistir.
Abraço
Puxa, já estava curioso por esse filme agora que foi lançado em DVD, mas depois de seus comentários fiquei ainda mais ansioso para conferir "Recontagem". O tema me interessa bastante...
Vou alugar esse filme com toda certeza! :)
Nossa, queria muito ver este filme. Tem um elencaço! Mas não acho nas locadoras por aqui...
Mas com essa review sua super positiva, vou ter que baixar urgente!
Ciao!
Ih, sei não, hein? Parece que agora a onda é tentar fazer filme político... Mas o seu texto está tão empolgante, que desperta a curiosidade. Mérito seu! rs...
Abs!
acho q foi lançado em dvd recentemente.
espero ver o quanto antes. parece ser excelente.
abs, Kau
:P
Serginho, é bem legal. Abs!
Red, a HBO está sempre reprisando. Tenta ver a programação! Abs!
Yuri, perfeitamente. Recontagem é o melhor telefilme que vi em anos e John Adams é outro trunfo absoluto da HBO.
Otavio, obrigado. Espero que vc assista e goste. Abs!
Hugo, não sei como está para achá-lo nas locadoras. Só digo que vale MUITO a pena assistir. Abs!
Vinícius, sempre tive vontade de ver. O mais interessante é que ele não se parece nada com os roteiros políticos de Peter Morgan; este utiliza mais um lado dramático e o que vimos em Recount é mais dinâmico.
Pedro, tomara que vc goste!
Wally, exatamente. O elenco é incontestavelmente fantástico. Quase todos receberam indicações ao Emmy, Golden Globe e SAG. Se não achar nas locadoras, baixa!! Abs!
Dudu, obrigado! Não sei... vc gostou de A Rainha ou Frost/Nixon?! Se sim, é provável que tb goste deste telefilme. Abs!
Jeniss, foi lançado sim. Acho, inclusive, que é tranquilo de encontrá-lo. Vc irá gostar bastante. Abs!
Olá, Kau! Tudo bem?
Ultimamente, a HBO anda surpreendendo em suas produções. Primeiro foi "John Adams", agora este "Recontagem", que foi um trabalho muito bem feito. Gostei e aprendi muito. ;)
Beijos!
Olá, não sabia deste filme. Achei bem interessante e imagina só como seria se Al Gore tivesse ganho?!
Vou querer ver este filme, lendo seu post, me lembrei de Prayers for Bobby. Será que já foi exibido lá nos Estados Unidos?
Bom, voltando a Recontagem, adorei o elenco, e não vou perder por nada. Já está na locadora?
Abrasços
Parece ser bem interessante. Já tinha reparado nele, por causa das listas de premiações, mas até então não tinha lido nada a respeito, acho que depois dessa o filme merece uma chance!
Mayara, tudo bem e vc?! Sim, a HBO volta a acertar a mão e produz dois materiais impressionantes. John Adams é igualmente sensacional. Beijos!
Thiago, Prayers for Bobby estreou dia 24/01 nos EUA, mas aidna não achei nenhuma crítica sobre ele. E só para confirmar: Weaver já vem, sim, como favorita ao Emmy!!!! Recontagem é complicado, não vou mentor. Mas é uma boa pedida; além de já estar nas locadoras. Abs!
Marcel, foi por causa das premiações que resolvi assistí-lo. Mentira: foi por causa do texto que a Kamila escreveu, hahahahahaha. Belo telefilme!
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