Durante toda a reprodução do novo filme de Mike Leigh, Simplesmente Feliz, sofremos uma espécie de lavagem cerebral. Mergulhamos na vida da risonha Poppy (Sally Hawkins) que é feliz 24h por dia, não interessa o que aconteça. Procura viver deixando os problemas de lado ou, simplesmente, minimizando-os com o intuito de resolvê-los sem maiores preocupações. Devo confessar que desde sempre esperei por este novo trabalho de Mike, uma vez que o admiro demais e acho sua forma de conduzir um elenco impressionante. Entretanto – e infelizmente – a lavagem cerebral da qual falei acima é justamente o defeito do filme, isto é, o diretor e roteirista deixa seu trabalho, por oras, exagerado demais e até pretensioso.
A personagem principal, Poppy, é professora primária e trata seus alunos da melhor forma possível, sempre com bom humor. É rodeada de amigos, mas parece não ter uma boa relação com uma das irmãs. Aceita todos os convites que a conduzam a novas experiências (toda semana ela vai numa academia para pular numa cama elástica), como fazer aula de dança flamenca e conhecer a hilária professora que ministra tais aulas; ou então começar a ter instruções para aprender a dirigir. É aí que conhece John (Eddie Marsan), um instrutor de trânsito totalmente esquisito que é o reflexo da maioria dos cidadãos do mundo: mau-humorado e que só fala o essencial. As melhores cenas da fita serão as de Poppy com John, as quais sempre irão de engraçadíssimas a reveladoras – e comoventes – em questão de segundos. Leigh também lança paradoxos interessantes acerca das conversas entre eles. Poderia ficar aqui divagando sobre o que ocorre na película, mas é tudo muito linear, ou seja, quase sem cenas que apresentarão fatos decisivos.
É bom deixar claro que Mike Leigh coloca algumas sub-histórias “além-Poppy”, que são ótimas e dão outra cara à fita (como os problemas acerca de um aluno de Poppy). Mas ele exagera na medida e deixa seu filme com um ar pretensioso, sempre no intuito de fazer o espectador se achar um nada ao lado de Poppy. Apesar de Sally estar ótima, sua atuação personifica algo que, pra mim, é utópico e absurdamente exagerado: temos, sim, a obrigação de sermos felizes; contudo, Sally vai muito além e faz Poppy chegar ao patamar de retardada e chapada por várias vezes. O próprio personagem de Eddie pergunta porque ela sempre tem que estar brilhando e rindo feito uma sem noção. É admirável conseguir absorver os problemas do dia-a-dia e, mesmo assim, rir de tudo. Mas Poppy é irritante, juro! Méritos, ou não, para Hawkins que faz sentirmo-nos assim. Mike deveria ter conduzido a atriz para um outro tipo de técnica de atuação, como fez com que é excepcional no papel de instrutor nervosinho e esquisito e, por isso, merecia demais a sua indicação ao Oscar – sendo ele minha segunda opção na lista pessoal. Tirando esses exageros de Leigh, que refletem em Sally, o filme é super correto. Os figurinos de Poppy são deliciosos e a trilha sonora, pra mim, está entre as melhores da temporada. O trivial serve por aqui e, desta forma, apresento a vocês minha terceira decepção da temporada (além de Milk – A Voz da Igualdade e Foi Apenas Um Sonho) – mesmo o filme não sendo ruim.
Nota: 7,0
Happy-Go-Lucky; REINO UNIDO, 2008; DRAMA/COMÉDIA; de Mike Leigh; Com: Sally Hawkins, Eddie Marsan, Elliot Cowan, Alexis Zegerman, Andrea Riseborough, Kate O'Flynn, Philip Arditti.
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Não é só Poppy que está simplesmente feliz. Eu estou radiante com minha vitória no Bolão do Oscar organizado pelos meninos do Talking About Movies. Não é questão de ser convencido, até por que nunca tinha ganhado nada em bolões, até esse mês. Como reconhecimento do meu primeiro lugar, recebi um belo selo preparado com muito carinho por Marcel e Breno que está aí, logo abaixo, e ficará exposto no hall das condecorações. Aproveito para parabenizar todos os que participaram e para agradecer o Talking About Movies pela excelente organização! E não se esqueçam de participarem ano que vem!!
A personagem principal, Poppy, é professora primária e trata seus alunos da melhor forma possível, sempre com bom humor. É rodeada de amigos, mas parece não ter uma boa relação com uma das irmãs. Aceita todos os convites que a conduzam a novas experiências (toda semana ela vai numa academia para pular numa cama elástica), como fazer aula de dança flamenca e conhecer a hilária professora que ministra tais aulas; ou então começar a ter instruções para aprender a dirigir. É aí que conhece John (Eddie Marsan), um instrutor de trânsito totalmente esquisito que é o reflexo da maioria dos cidadãos do mundo: mau-humorado e que só fala o essencial. As melhores cenas da fita serão as de Poppy com John, as quais sempre irão de engraçadíssimas a reveladoras – e comoventes – em questão de segundos. Leigh também lança paradoxos interessantes acerca das conversas entre eles. Poderia ficar aqui divagando sobre o que ocorre na película, mas é tudo muito linear, ou seja, quase sem cenas que apresentarão fatos decisivos.
É bom deixar claro que Mike Leigh coloca algumas sub-histórias “além-Poppy”, que são ótimas e dão outra cara à fita (como os problemas acerca de um aluno de Poppy). Mas ele exagera na medida e deixa seu filme com um ar pretensioso, sempre no intuito de fazer o espectador se achar um nada ao lado de Poppy. Apesar de Sally estar ótima, sua atuação personifica algo que, pra mim, é utópico e absurdamente exagerado: temos, sim, a obrigação de sermos felizes; contudo, Sally vai muito além e faz Poppy chegar ao patamar de retardada e chapada por várias vezes. O próprio personagem de Eddie pergunta porque ela sempre tem que estar brilhando e rindo feito uma sem noção. É admirável conseguir absorver os problemas do dia-a-dia e, mesmo assim, rir de tudo. Mas Poppy é irritante, juro! Méritos, ou não, para Hawkins que faz sentirmo-nos assim. Mike deveria ter conduzido a atriz para um outro tipo de técnica de atuação, como fez com que é excepcional no papel de instrutor nervosinho e esquisito e, por isso, merecia demais a sua indicação ao Oscar – sendo ele minha segunda opção na lista pessoal. Tirando esses exageros de Leigh, que refletem em Sally, o filme é super correto. Os figurinos de Poppy são deliciosos e a trilha sonora, pra mim, está entre as melhores da temporada. O trivial serve por aqui e, desta forma, apresento a vocês minha terceira decepção da temporada (além de Milk – A Voz da Igualdade e Foi Apenas Um Sonho) – mesmo o filme não sendo ruim.
Nota: 7,0
Happy-Go-Lucky; REINO UNIDO, 2008; DRAMA/COMÉDIA; de Mike Leigh; Com: Sally Hawkins, Eddie Marsan, Elliot Cowan, Alexis Zegerman, Andrea Riseborough, Kate O'Flynn, Philip Arditti.
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Não é só Poppy que está simplesmente feliz. Eu estou radiante com minha vitória no Bolão do Oscar organizado pelos meninos do Talking About Movies. Não é questão de ser convencido, até por que nunca tinha ganhado nada em bolões, até esse mês. Como reconhecimento do meu primeiro lugar, recebi um belo selo preparado com muito carinho por Marcel e Breno que está aí, logo abaixo, e ficará exposto no hall das condecorações. Aproveito para parabenizar todos os que participaram e para agradecer o Talking About Movies pela excelente organização! E não se esqueçam de participarem ano que vem!!
22 comentários:
aeeee Kau!! Parabéns mais uma vez pelo selo! =D Ficou lindo ali no cantinho! xD
E eu gostei um pouco mais do filme do que você, mas concordo que a Sally está deliciosamente irritante com aquela alegria ligada no 220v! Merecia mais reconhecimento!
Kau, gosto do filme, mas prefiro muito mais a atuação da Sally Hawkins, que me fez rir e chorar!
Abs1
Eu achei o filme "simplesmente ótimo", acho que justamente pelo fato de ser descarado mesmo - com a ideia fixa de "seja feliz haja o que houver". É claro que é maniqueísta e soa falso em alguns momentos, mas na essência é muito, muito acertado. Destaque para a direção (Mike Leigh, um dos meus ídolos) e Sally Hawkins (Oscar, onde foi parar a nomination??????).
Nota: 8,0
Abração, Kau!!!
Hummmmm. E tá todo chique com este selo aí, né? :-)
Kau, parabens pela vitoria no bolao! Com relacao ao filme, perdi quando passou nos cinemas ano passado, mas ja providenciei uma copia baixada rsrsrsrs.. Eu comecei a assistir, simpatizei com a personagem de cara (parece q ela esta em altas doses de prozac o tempo inteiro, uma comedia...), mas depois de pouco tempo adormeci rsrsrs..
Mas ainda quero ver! Parece ter sido uma das grandes atuacoes femininas de 2008.
Kau, tive mais ou menos a sua impressão quando vi o filme e postei esses meus pensamentos na resenha que fiz para ele. De tão alegre às vezes fica infantil demais para a idade dela. O Eddie Marsan está ótimo no filme.
Interessantissimo ... este ano nem me arrisquei nos bolões, uma vez que tudo estava muito previsivel.
Marcel, obrigaaaado!!! Fiquei feliz em participar do bolão e espero o bi-campeonato rsrsrsrsrsrsrs. Sobre o filme, não sei não... Acho que vai acabar com nenhuma indicação na minha lista.
Otavio, não gostei muito da Sally, como eu disse. Ela vai bem, mas exagera e MUITO! Abs!
Weiner, que chique o selo né?? Tomara que vc ganhe ano que vem! E eu não virei fã do tema do filme como vc. Acho tudo muito utópico e chato, por oras. Sally é legal, mas exageradíssima vai... Eddie dá de 10 nela =p Abs!!
Romeika, tnk's! Acho que vc vai amar o filme. Tem todo o viés artístico europeu, o que é normal na filmografia de Mike. Tenta de volta, rs. Sally, na verdade, nem chegou ao meu top 10...
Ibertson, li seu texto. Concordo plenamente com tudo o que vc disse. E, claro, Marsan é um estrondo de bom!
Cleber, mas é quando tudo está previsível que fica fácil de ganhar hahahahhaa.
Kau, tem um desafioo bem grande pra você no blog !
Kau, já tinha te parabenizado lá no Talking About Movies pela vitória no bolão, mas não custa nada reforçar meus cumprimentos a você por ter ido tão bem no bolão do Oscar! Parabéns!!
Quanto à "Simplesmente Feliz": ainda tenho que conferir o filme, mas, geralmente, gosto dos trabalhos do Mike Leigh e espero que, com este longa, não seja diferente.
Bom final de semana!
Rapaz, tu é o Ayrton Senna dos bolões! Eu dei uma de Rubinho dessa vez.
Deixei um desafio pra você lá no meu blog, okay? abração!
Eu gostei bem menos que você, Kau. Gosto da Sally e da personagem, o problema é o filme como um todo, o roteiro e tal, algo realmente muito tedioso e chato. Não via a hora de acabar. =S
[]s!
Parabens pelo selo! =D
Eu fui horrivel! HAHAHAHAHA
Quero muito ver este filme.
Ciao!
Não espero muito desse filme, pra mim Mamma Mia! irritou por ter tanta felicidade transbordante, dou por visto esse... mas ainda sim, verei!
Cleber, vou lá ver!
Kami, obrigado! Sobre Leigh, eu tb sou muito fã dele. Amo O Segredo de Vera Drake e Topsy-Turvy. Por isso esperava demais Happy-Go-Lucky e me decepcionei um pouco; uma pena. Ótimo fim de semana para vc tb!
Pedro, é uma honra ser chamado de Ayrton Senna! E vou lá ver o desafio. Abs!
Jeff, oq me irritou no roteiro foi a manipulação d que ele propõe. Chega a ser forçado e pretensioso demais para a proposta. E Sally é chata, convenhamos... Abs!
Wally, obrigado! E acho que vc vai adorar este filme do inglês. Abs!
Robson, então desista de Simplesmente Feliz. Mamma Mia! nem se compara com ele em termos de alegria transbordante. É MUITO pior! Tanto que nem vejo tanto exagero no musical, rs.
é bem provável q veja o filme qdo chegar em DVD. mas deve ser realmente muito agradável o enredo.
abs, Kau
:P
Jeniss, chega a ser irritante de tão iluminado, feliz hahahahahha. Abs!
Já eu gostei muito da Poppy, hahaha, ela é bem engraçada - mas, irritanto ou não, certamente o mérito é da Sally Hawkins, responsável por 50% do que o filme é.
Vinícius, exatamente. O mérito é da Sally por ter irritado alguns cinéfilos. O que me deixa preocupado é que a proposta da personagem não era irritar...
Olá, Kau! Tudo bem?
Primeiro, quero parabenizá-lo pelo bolão, mereceu e este selo ficou lindo ai! ;)
Sobre "Simplesmente Feliz" estou com boas expectativas pq é um filme do Mike Leigh, que gosto muito do jeito que ele conta suas histórias, também por parecer ser uma boa comédia e a atuação da Sally.
Beijos e tenha um ótimo fim de semana! ;)
Dou a mesma nota que tu. Gostei do filme mas não é extraordinário. O que foi extraordinário foi a interpretação da Sally Hawkins que gostei muito.
Abraço
Mayara, obrigado! Sobre o filme, acho que vc vai amá-lo. Eu criei uma expectativa MUITO grande acerca de tudo e por isso me decepcionei. Vi defeitos que ninguém mais viu, hahahaha. Beijos e ótima semana!
Fifeco, como eu disse a Poppy me irritou bastante. Mérito pra Sally, mesmo esta não sendo a proposta de sua personagem. Abs!
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