O cinema belga dos irmãos Dardenne (Jean-Pierre e Luc) é, no mínimo, de difícil digestão. Digo isso, pois eles sempre primam por temas muito peculiares que chegam a ser, muitas vezes, ousados demais. A primeira fita que assisti deles foi A Criança, o qual venceu a Palma de Ouro em 2005 e, a meu ver, além de ser uma obra-prima, tem presença indelével na minha mente. Mas, sinceramente, parou por aí, já que não gostei de O Filho, tampouco dos seus curtas em Cada Um Com Seu Cinema. Fui ver, então, este elogiadíssimo O Silêncio de Lorna pensando ser tão sensacional quanto o primeiro. Um bom filme, mas que tem alguns aspectos discutíveis.
Lorna (Arta Dobroshi) é uma albanesa que deseja ter a cidadania belga para abrir o seu próprio negócio. Para tanto, ela aceita entrar num plano e se casar com Claudy (Jérémie Renier, ótimo ator e protagonista em A Criança), um dos capangas, belgas, do mafioso Fábio (Fabrizio Rongione). Mas tudo muda de enfoque, quando Lorna percebe que Claudy tem sérios problemas com drogas, resolve ajudá-lo e acaba afeiçoando-se a ele. Entretanto, para de fato conseguir o que quer, ela deve casar-se novamente (agora com um russo) ao passo que Claudy deverá ser eliminado (sim, morto), e é o que ocorre. Mas algo acontece na vida da albanesa que a fará mudar completamente de idéia. Ficará Lorna em silêncio sobre toda essa espécie de máfia?
O longa tem sérios problemas de ritmo. Na verdade, ele é bem parado o que me fez até perder o foco em certas partes. Mesmo assim, todo esse confuso roteiro é muito interessante e, no final, consegue fechar todos os buracos deixados ao longo da reprodução. Os irmãos belgas, como normalmente o fazem, trabalham quase que o tempo todo com planos-sequência, mas desta vez eles não funcionam muito. A ausência de trilha, também comum vindo deles, é sempre uma ótima sacada e deixa tudo mais real e bruto. É uma história muito fria, e tudo é maximizado pela belíssima atuação de Arta Dobroshi: fantástica em cada expressão, olhar e, principalmente nas cenas em que se auto-agride. Jérémie Renier também está excepcional e as cenas nas quais está em abstinência são incríveis. Gosto do desenvolvimento dos personagens e do primeiro ato da fita, mas tudo desaba no segundo e só vai voltar a ser satisfatório na última cena, que é linda. Eis outro filme de Jean-Pierre e Luc que, apesar de ser um “genuíno Dardenne”, não chega nem perto da genialidade de A Criança.
Nota: 7,0
Le Silence de Lorna; Bélgica/França, 2008; DRAMA; de Jean-Pierre e Luc Dardenne; Com: Arta Dobroshi, Jérémie Renier, Fabrizio Rongione, Alban Ukaj, Morgan Marinne.
Lorna (Arta Dobroshi) é uma albanesa que deseja ter a cidadania belga para abrir o seu próprio negócio. Para tanto, ela aceita entrar num plano e se casar com Claudy (Jérémie Renier, ótimo ator e protagonista em A Criança), um dos capangas, belgas, do mafioso Fábio (Fabrizio Rongione). Mas tudo muda de enfoque, quando Lorna percebe que Claudy tem sérios problemas com drogas, resolve ajudá-lo e acaba afeiçoando-se a ele. Entretanto, para de fato conseguir o que quer, ela deve casar-se novamente (agora com um russo) ao passo que Claudy deverá ser eliminado (sim, morto), e é o que ocorre. Mas algo acontece na vida da albanesa que a fará mudar completamente de idéia. Ficará Lorna em silêncio sobre toda essa espécie de máfia?
O longa tem sérios problemas de ritmo. Na verdade, ele é bem parado o que me fez até perder o foco em certas partes. Mesmo assim, todo esse confuso roteiro é muito interessante e, no final, consegue fechar todos os buracos deixados ao longo da reprodução. Os irmãos belgas, como normalmente o fazem, trabalham quase que o tempo todo com planos-sequência, mas desta vez eles não funcionam muito. A ausência de trilha, também comum vindo deles, é sempre uma ótima sacada e deixa tudo mais real e bruto. É uma história muito fria, e tudo é maximizado pela belíssima atuação de Arta Dobroshi: fantástica em cada expressão, olhar e, principalmente nas cenas em que se auto-agride. Jérémie Renier também está excepcional e as cenas nas quais está em abstinência são incríveis. Gosto do desenvolvimento dos personagens e do primeiro ato da fita, mas tudo desaba no segundo e só vai voltar a ser satisfatório na última cena, que é linda. Eis outro filme de Jean-Pierre e Luc que, apesar de ser um “genuíno Dardenne”, não chega nem perto da genialidade de A Criança.
Nota: 7,0
Le Silence de Lorna; Bélgica/França, 2008; DRAMA; de Jean-Pierre e Luc Dardenne; Com: Arta Dobroshi, Jérémie Renier, Fabrizio Rongione, Alban Ukaj, Morgan Marinne.
11 comentários:
Olá..
Bom, eu nunca vi nenhum dos filmes, mais sempre vejo " A Criança" na locadora. Até já pensei em pegar, mais sempre acabo desistindo. Mais pelo que você falou parece ser ótimo, então da próxima vez, não vou pensar duas vezes!
Abraços...
Deles, eu só vi A Criança (que é ótimo!). Estou querendo ir assistir O Silêncio de Lorna, no entanto, estou tendo o mesmo problema que tive para ver Linha de Passe. Só colocaram o filme em sala de difícil deslocamento pra mim. Coisa de dono de sala exibidora que só quer vender blockbuster e ganhar dinheiro, dinheiro, dinheiro... Fazer o quê!
Cultura? Informação?
http://robertoqueiroz.wordpress.com
http://pequenos-takes.blogspot.com
Thiago, A Crinça é belíssimo. Mas é um pouco difícil... tenha paciência quando assistir hahahahahaha. Abraços.
"Pseudo-autor", obrigado pela visita. De fato, L'Enfant é muito bom e espero que consiga ver O Silêncio de Lorna.
Não sou fã dos Dardenne, mas vou ver assim mesmo. Ah, sobre o Oscar deste ano, o melhor foi SANGUE NEGRO, seguido por JUNO. E faltou mais NA NATUREZA SELVAGEM na festa.
Abs!
Kau, eu conheco pouco ou quase nada do cinema belga, nao vi este filme nem nenhum outro dos quais vc citou. Mas eh impressionante q pela sua descricao, o filme lembra demais cinematografias de outros paises europeus, sempre um foco no socio-realismo, atuacoes naturalistas..vida de imigrante como tematica... Bjs e bom fds!
Kau, você acreditaria se eu dissesse que nunca assisti a nenhum filme dos irmãos Dardenne???
Bom final de semana!
Otavio, Juno é muito simpático e emocionante. Mas não teve gás para chegar na minha lista. Abraços!
Romeika, exatamente! O cinema belga não nega fazer parte do circuito europeu; lembra muito o cinema italiano, super frio e natural. Vale a pena dar uma conferida, pelo menos em A Criança. Bjos e ótimo fds pra vc tb.
Kami, é bem complicado mesmo, já que são fitas difíceis de achar. Na verdade, pelo que eu conheço seu gosto por filmes, é capaz que vc não goste muito da frieza dos Dardenne =)
Bjos e ótimo fds!
Estou vendo alguns comentários positivos deste filme, estou anseiando em assistir...
vlws
Sergio, eu tb ouvi maravilhas sobre a fita. Mas me decepcionei um pouco... FlW!
Nossa, eu vi o filme e achei o resultado muito bom, quase excelente para dizer a verdade!
Nota 9...
Beijocas
Cecília, eu lembro bem do seu texto e até comentei que estava louco pra assistir. Mas decepcionei...=(
Bjos!
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