quarta-feira, 25 de março de 2009

Juno


O que decididamente mais me irrita em filmes que abordam uma temática adolescente são os roteiros sempre clichês, bobinhos e idênticos. Chegou, então, uma ex-striper de nome Diablo Cody e escreveu o roteiro ousado sobre a garota Juno e entregou as mãos de Jason Reitman para que este o dirigisse. O que acontece eh que muitas pessoas acharam a idéia central deste filme horrenda, uma vez que poderia ser tratada de forma fria demais. Mas Reitman, apesar de, pra mim, a fita ser extremamente direta, lança mão de uma sensibilidade aparente ao conduzir o roteiro. Juno conquistou muitos críticos e cinéfilos e foi tido como a comedia dramática do ano, sendo, assim, indicado a 4 Oscar – vencendo o de Roteiro Original.

Juno (Ellen Page) é uma adolescente como outra qualquer, que não tem o intuito de se comprometer com nada que seja parte do viés da responsabilidade. Na verdade, ela é totalmente desleixada e vive fazendo piadas, mas deixo claro que estas sempre são bastante inteligentes. Ela mora com seu pai (J.K. Simmons ) e sua madrasta (Allison Janney), alem de ter um melhor amigo, Paulie (Michael Cera) com o qual resolve brincar de gente grande e acaba sofrendo as consequências desta brincadeira. A garota, sendo mais claro, fica grávida do melhor amigo, que também é um adolescente que só pensa em treinar cooper e comer pastilhas “Tic Tac”. De pronto, Juno pensa em apelar para algo extremo, o aborto. Mas logo ela desiste da idéia, conta para seus pais e, com a ajuda de sua amiga resolve procurar pais perfeitos para adoção pelo jornal. É assim que encontra Mark (Jason Bateman) e Vanessa (Jennifer Garner): um casal bonito, legal e que sonham em ter um filho. Desta forma, Juno “fecha contrato” com o casal e passa a conviver com eles por conta da gravidez, uma vez que Vanessa queria acompanhá-la de perto. A partir daí, o filme toma dimensões mais adultas, pois alguns fatos começam a acontecer, os quais prejudicarão a harmonia do casal.

Diablo Cody foi elogiadíssima por seu argumento bastante atual. E confesso que a primeira vista também o achei incrível. Mas depois de mais duas revisões, acabei percebendo que o roteiro, apesar de original, bate de frente com alguns valores que sigo. O desfecho da fita é extremamente fiel a todo o restante, mas mesmo assim percebemos que o sentimento de Juno para com a criança era muito maior do que ela achava. Vamos ao que me deixa inquieto acerca do texto: tudo gira em torno da irresponsabilidade de Juno e Paulie. Ela encontra o casal perfeito para adotar a “coisa” (Juno se refere assim ao próprio filho), PARA QUE ESTA TENHA UMA EDUCACAO CORRETA E SEJA CRIADA POR ADULTOS RESPONSÁVEIS. O que segue tem SPOILER. Percebam, pois, que Mark e Vanessa se separam antes mesmo do nascimento da criança e, deste modo, a pobre “coisa” terá uma educação tão prejudicada quanto se tivesse ficado com a adolescente irresponsável. Fim de SPOILER. Aqui, então, cai por terra a possível lição de moral sobre responsabilidade que deveria estar contida no filme.

A direção de Reitman é apenas correta no que tange a condução do argumento. Mas se formos analisar o seu trabalho de apoio ao elenco, temos algo bastante interessante. Imaginando ser decapitado agora pelos senhores, digo que não vejo nada demais na atuação de Ellen Page. Ela interpreta a si mesma e não se aprofunda na situação, a meu ver (diferentemente do que faz Mickey Rourke em O Lutador: é ele mesmo, mas com uma entrega impressionante). Tem lá seus momentos que me fizeram rir, mas tudo por culpa de boas tiradas inseridas por Cody (Page faz muito mais em Os Fragmentos de Tracey onde, inclusive, nos apresenta a melhor atuação de sua carreira). J.K. Simmons, Allison Janney, Michael Cera e Jennifer Garner, no entanto, estão brilhantes. Jennifer entrou fácil entre as melhores coadjuvantes daquele ano na minha lista. Em termos técnicos, Juno não tem nada desenvolvido ate por que não precisava. O que vale destacar é a trilha sonora, que é linda de morrer! Pensei horas sobre que nota final atribuir a esta fita. Resolvi classificar a direção de Reitman e a atuação de Page como, de fato, apenas corretos e, desta forma, não tiro nota por culpa deles. Saibam que meu grande problema é como já expus aqui, o roteiro da estreante Diablo Cody.


Nota: 7,0



Juno; EUA, 2007; DRAMA/ROMANCE/COMÉDIA; de Jason Reitman; Com: Ellen Page, Michael Cera, Jennifer Garner, Jason Bateman, J.K Simmons, Allison Janney, Olivia Thirlby.



COMUNICADO: Como os caros leitores e leitoras do Bit of Everything puderam perceber, o editor que vos fala está ausente em termos de postagem e comentários nos blogs parceiros. O pior é que por um tempo indeterminado eu continuarei postando mais ou menos a cada dois dias (as postagens eram diárias) e minha relação com os parceiros não será mais tão constante. Claro que continuarei arrumando um tempinho para comentar neles, mas peço um pouco de paciência. Obrigado pela compreensão!

21 comentários:

Red Dust disse...

Não há problema, Kau. Tudo de bom!!!!! :)

Abraço.

Red Dust disse...

Quanto ao filme, concordo plenamente com a tua nota. Pareceu-me haver muita histeria em torno de uma fita que não tinha razão para ser. É uma abordagem interessante à juventude dos nossos dias, mas não me cativou tanto assim. Para mim não ficou um filme platinado!!!!! :)

Abraço.

Pedro Henrique Gomes disse...

O filme é legal. O problema é a direção, mas tudo bem, a Elle Page salva o cara.

Unknown disse...

Eu não gostei de Juno. E só mais tarde entendi o real motivo da minh aimplicância com a protagonista: ela é atriz de seriado e eu nem sabia. Pois na minh aopinião, a personagem dela e caricata demais, exatamente como num seriado de TV.

Abs!

Anônimo disse...

Não consigo gostar desse filme, acho ele pretensioso e sem sal. Pareceu ao meu ver que Diablo tentou se aproximar do que Mike White ou Miranda July haviam feito, mas sem sucesso algum. :/

Anônimo disse...

Kau, como poucas vezes discordei diametralmente com você, rs. Acho o papel da Page muito bom, não acho mesmo "ela mesma" até por que não a conheço, rs. Sobre o filme, não vai de contra a nada que eu acredito, acho que um filho pode ser criado por um pai só sem que isso lhe traga tantos prejuízos, havendo amor... Eu não acharia errado se ela tivesse abortado, mas não teve coragem o que tira dela a frieza com que parece encarar o fato... Bem, sei lá, eu gosto muito mesmo, rs... Abraços...

- cleber . disse...

Um dos melhores filmes do ano !
Adoro demais !

Rafael Moreira disse...

Ah Kau, tá de sacanagem. Quando eu volto vc sai, kkkkkk. Mas entendo perfeitamente. About the picture, acho ele super simpático. O melhor é o roteiro os diálogos que Cody põe na boca de Ellen Page que, discordando totalmente de você, ela está fantástica e digo mais a melhor atuação do ano passado depois de Marion Cotillard, claro. Abraço.

Anônimo disse...

Kau, fica tranquilo! :-)

O que eu mais gosto em "Juno" é que todo mundo pensa que este é um filme sobre gravidez na adolescência, quando, na realidade, o roteiro da Diablo Cody é uma grande história de amor. AMO este filme!!!

Beijos!

Hugo Leonardo disse...

Acho este JUNO superestimado ao extremo. É um filme mediano e nada mais, pra mim ...

Jeniss Walker disse...

tb gostei bastante do filme. e não achei nada errado a indicação p/ melhor filme.
abraço,Kau.
:)

- cleber . disse...

ão achei nada errado a indicação p/ melhor filme.[2]

Anônimo disse...

Filme simpaticíssimo. Page é brilhante.

Boa sorte na rehab, buddy! ;)

Romeika disse...

Kau, bem vindo ao clube restrito dos que nao acharam essas coisas todas em "Juno". E finalmente, alguem que tb nao achou nada de especial em Ellen Page! Pensava q era soh eu...

Bom, o q me irritou no filme foi o roteiro mesmo. Achei tudo muito forcado e artificial. Nao engoli uma menina moderninha com a Juno nao se prevenir na primeira relacao sexual. Em termos morais, nao tive a mesma impressao q a tua, acho ate q o bebe vai ter uma boa vida, mesmo sendo filho de uma mae solteira, nisso nao vi um paradoxo. A personagem da Garner (esta sim, uma boa atuacao), tem de tudo pra ser uma boa mae, ao meu ver..

Mas a trilha sonora eh otimo, adoro!

Bjs!

Unknown disse...

Mais um filme que ainda não vi. Não andamos mesmo encontrados. Apesar da tua nota, anseio por ver o filme. Tenho muita curiosidade.

Abraço

Anônimo disse...

Acho que "Juno" deixou uma impressão mais positiva em mim. Pela primeira vez que vi não cheguei a me apaixonar, mas depois percebi o quanto era profundo. E não me incomodei com esse detalhe da trama comentado no spoiler...

Matheus Pannebecker disse...

Eu tenho certa antipatia com esse filme. Dei uma nota maior que a sua, mas sinceramente não vejo nada de brilhante como apontaram. "Juno" é simples e, na minha opinião, não é surpreendente em nenhum aspecto. As indicações ao Oscar me soaram forçadas, como se fossem um eco da onda do cinema de comédia independente criada por "Pequena Miss Sunshine" (que é infinitamente superior). Ao contrário do que possa parecer, ainda gosto do filme do Reitman, já que me divertiu bastante! Só não acho que ele seja tudo isso...

Mayara Bastos disse...

Olá, Kau! Tudo bem?

Entendo sua opinião sobre "Juno". Eu acho um filme bastante simpático e contar com um pouco de humor uma situação delicada. Como você disse, também acho a direção de Reitman correta, mas não para ser indicado ao Oscar. Na minha lista, tiraria ele e colocaria Joe Wright ou Sidney Lumet na lista. E acho o maior destaque do filme é o roteiro! ;)

E boa sorte na sua auséncia! Espero que volte logo! ;)

Beijos e tenha um ótimo fim de semana! ;)

BRENNO BEZERRA disse...

Acabei de escrever uma resenha sobre o filme no meu blog, já o vi 2 vezes e não consigo enxergar o que esse filme tem de tão ruim, e por experiência própria posso lhe garantir que separação de pais nem sempre interfere na educação dos filhos... Também achei muito forte vc escrever que Page interpretou ela mesma, contudo são opiniões interessantes que podem me fazer abrir mais os olhos na próxima vez que eu assitir ao filme.

Abraços

Alex Gonçalves disse...

Kau, eu também não gostei muito de "Juno", mas eu discordo de todos os pontos negativos que você relaciona. Todos os aspectos do filme estão nos eixos e até gosto do roteiro "espertinho" de Diablo Cody. Mas é um filme a ser encarado mais como uma visão fofa e descolada da nossa realidade, nada mais do que isso. E que não me venham falar que os acontecimentos do filme podem ser vivenciados pelos vizinhos, algum parente, amigo ou seja lá quem seja o bendito: nunca essa coisa de gravidez prematura será tratada com a mesma falta de seriedade que é mostrada no filme. Se eu engravido alguma garota, no meu estado de hoje, levo cintadas no traseiro! (ehehehehehe).

E duas coisas: que você consiga manter o blog sempre atualizado, apesar da correria, e que devo registrar aqui um "muito obrigado" pelo selo que você me direcionou. Em breve ele estará estampado na coluna do meu blog.

Anônimo disse...

Eu gostei muito de Juno, mas quando fiz a crítica dele, atribui uma nota muito alta, o que hoje não daria uma nota daquela.