Até hoje tendo entender por que a grande maioria dos cinéfilos detesta este filme. Assisti-o algumas vezes para ver se não era coisa de fã, uma vez que acho Julia Roberts uma ótima atriz. Acabou que, como eu esperava, a minha admiração pela fita não tem nada a ver com a presença desta atriz, mas sim por ter um enredo muito interessante e extremamente bem desenvolvido e pertinente. Falar sobre o ser feminino numa época onde mulheres, em alguns lugares do mundo, eram “fabricadas” pelas escolas para serem donas-de-casa exemplares é um fardo no mínimo difícil. Mas o diretor Mike Newell (do excelente Quatro Casamentos e Um Funeral e do horrível O Amor nos Tempos do Cólera) utiliza uma sensibilidade incomum e contorna alguns erros existentes no roteiro de Lawrence Konner e Mark Rosenthal, fazendo render um filme muito bonito. Aproveito a deixa do Denis (CINEMANÍACO) e vou divagar sobre este meu guilty-pleasure!
Aulas de etiqueta, postura, fala, artes e tudo o que faz parte do mundo de uma mulher perfeita são os programas de aprendizagem recorrentes no conceituado colégio Wellesley somente para moças. Cabe à idealista professora de Artes Katharine Watson (Julia Roberts) tentar mudar a visão de futuro destas garotas, dentre elas Betty Warren (Kirsten Dunst), Giselle Levy (Maggie Gyllenhaal), Joan Brandwyn (Julia Stiles) e Connie Baker (Ginnifer Goodwin). Entretanto quebrar paradigmas em Wellesley é uma missão um tanto quanto impossível, pois é rodeada por um corpo docente conservador, em sua maioria. A personagem que personifica a “mulher-robô fabricada” na escola é a professora Nancy Abbey (Marcia Gay Harden) a qual é uma deslumbrada e passa esse deslumbre quase que matrimonial para suas alunas. Com diálogos muito bem escritos e, por oras, impactantes, acredito que o filme se apresente como uma crítica ao machismo daquela época que, segundo algumas visões, perdura até hoje. Vale lembrar que acho o desfecho extremamente apropriado que, entrelinhas, mostra o trabalho de Katharine Watson quase que fracassado. Mesmo assim, admito que o roteiro contém erros irreparáveis.
O elenco mostra-se afiadíssimo e isso se estende até à Kirsten Dunst que, a meu ver, ainda é meio limitada. Maggie Gyllenhaal e Marcia Gay Harden se destacam perfeitamente como coadjuvantes e cada uma consegue caracterizar suas personagens de forma impecável. Julia Roberts é ótima no papel, mas nem de longe atinge sua excepcional atuação em Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento (e, em verdade, até prefiro-a em Perto Demais). Adoro as composições doces de Rachel Portman (como em A Duquesa e Chocolate) e aqui minha admiração só aumentou: a trilha é linda. Anastas N. Michos é um fotógrafo não muito competente, mas aqui ele mostra um talento jamais visto em sua filmografia (que une filmes como Mulheres...O Sexo Forte e O Mundo de Andy) e o mesmo posso dizer de Patricia Woodbridge com sua magnífica direção de arte. Para desenhar e criar os belos figurinos precisou-se juntar três estilistas (Michael Dennison, Carmen Hawk e a fantástica Milla Jovovich) o que rendeu, como já dito, algo maravilhoso. Assim sendo, percebe-se minha admiração incorruptível pela técnica desta fita. E mesmo eu não dando muita ênfase ao roteiro, vejo alguns exageros em sua construção que, se não fossem contornados pelo diretor, fariam de O Sorriso de Mona Lisa um filme péssimo.
Nota: 8,0
Mona Lisa Smile; EUA, 2003; DRAMA/ROMANCE; de Mike Newell; Com: Julia Roberts, Maggie Gyllenhaal, Marcia Gay Harden, Ginnifer Goodwin, Kirsten Dunst, Topher Grace, Donna Mitchell.
19 comentários:
O filme é delicioso e um BOM filme.
Roberto F. A. Simões
cineroad.blogspot.com
Não tive a chance de ver ainda, mais assim como o Kau, já ouvi muita gente dizer mau do mesmo !
http://cineclubsp.blogspot.com/
Esse é um daqueles filmes que todas as vezes que eu vou na locadora, pego, olho de um lado, do outros, e acabo não levando pra casa. Mas, pelo jeito estava disperdiçando um bom filme. E essa Julia Stiles é uma atriz que me agrada bastante, mas acho que falta ela se apresentar em mais filmes.
Abraço, Kau!
Com certeza, o elenco e a parte técnica são os melhores elementos de "O Sorriso de Mona Lisa", mas sabe por quê a maioria dos cinéfilos não gosta desta obra? Porque o roteiro é clichê demais!!!
Beijos!
Você deixou claro o porquê gosta do filme, Kau, mas eu continuo achando-o bem chato. Na verdade, assisti na escola já faz um tempo, mas não tenho coragem de revê-lo. O elenco não é muito convidativo e a minha primeira impressão foi bem negativa. enfim, né...
[]s!
Apesar de achar esse "O Sorriso de Mona Lisa" um tanto sem personalidade, reconheço que a fita tem seus méritos e sem dúvida foi uma boa sessão (nem chego a considerar um guilty pleasure). A trilha é linda mesmo e o elenco é ótimo. Abraço!
Kau, não é um grande filme, mas eu acho bem simpático!
Ah, olha só, tenho que te enviar um negócio pelo msn. Adivinha?!
Olá, Kau! Tudo bem?
Eu gosto de "O Sorriso de Mona Lisa", destaco a direção de arte e também entro no grupo que ouviu pessoas acharem o filme chato, apesar de eu achar o contrário! ;)
Beijos!
Boa crítica. Nunca dei muita atenção a esse filme, mas lendo sua crítica, fiquei até com uma certa vontade de vê-lo.
O elenco só com caras conhecidas (A menos ilustre da lista é Ginnifer Goodwin, mais conhecida como a sister-wife Margenie de Big Love).
Quando tiver disposição vou locá-lo.
Ainda não vi este filme mas não esperava esta nota. Deixaste-me curioso agora. :)
Abraço.
É um filme interessante, com um bom naipe de actrizes, que sabe transmitir uma mensagem importante.
7/10.
Abraço.
Não pude ver ainda, mas nem sempre escuto boas coisas sobre. Porém tenho curiosidade de ver mesmo assim!
Roberto, concordo. É delicioso!!
Cleber, só ouvi comentários que massacram o filme, mas eu adoro.
Alyson, como eu comentei, a comunidade cinéfila tende à detestar o filme. É capaz que você goste, vá em frente! Abraços!
Kami, tem sim seu clichês. Mas acredito que seu desfecho não seja nada neste estilo, rs. Pelo menos, eu não contava com aquilo. Beijos!!
Régis, eu adoooooro a Jolie. Gosto da Julia, mas não na mesma intensidade, rs. Mas tenho pena, pois esta é ótima atriz e muitos a detestam, sabe?!
Jeff, comigo foi o contrário. Por nenhum momento achei a fita chata, rsrs. Adorei cada minuto! Abraços!
Vinícius, o forte do filme é o elenco. Mas a técnica é notável tb... Os errinhos ficam à cargo do roteiro e, como eu disse, é um guilty-pleasure!!!! Abraços!!
Matt, é ótimo!! Rsrsrsrsrsrs. E eu ADOREI o negócio que vc me passou pelo MSN! Santo Matheus!
Mayara, tudo bem e vc?! Exatamente!! Não acho o filme chato; acho justamente o contrário. Beijos!
Ibertson, obrigado. Tente vê-lo e, mesmo eu achando que não irá gostar, é um bom passatempo. Abraços!
Fernando, acho que ninguém esperava essa nota... Abraços!
Red, nossas notas são parecidas pelo menos, rsrsrsrsrs. E concordo, elas passam uma mensagem importante. Abraços!
Robson, é assim mesmo. Todos massacraram e, quando eu vi, achei lindo!
Faz tanto tempo que vi esse filme, gosto muito da Julia, e gosto do filme tb, um bom drama cheio de açucar para se assistir numa tarde chuvosa!
Cassiano, é delicioso como açúcar mesmo!!!
Esse eu não tive interesse em ver na época em que foi lançado, talvez quando passar na TV eu até assista ...
O legal deste filme é que, mesmo datado e repleto de problemas de roteiro, consegue ser charmoso e nos vencer pela simpatia e o elenco bastante afiado.
Minha nota deve ser 6.5
Ciao!
Hugo, é um filme feminista mas não exclusivo para mulheres. É muito legal!
Wally, vejo uns exageros no roteiro que são contornados por clichês. Mas mesmo assim acho o filme maravilhoso e, de fato, uma delícia de ser visto. Abraços!
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