O mistério acerca de Há Tanto Tempo Que Te Amo será exposto logo nos seus primeiros minutos, quando Juliette (Kristin Scott Thomas) sai da prisão depois de quinze anos presa em regime totalmente fechado. Sua irmã, Léa (Elsa Zylberstein), oferece sua casa para que Juliette possa recomeçar a sua vida, mas o convívio com o cunhado, Luc (Serge Hazanavicius), vai ser complicado no começo justamente por causa do segredo entre as duas irmãs – sobre o qual Luc tem conhecimento. Numa parceria entre França e Alemanha, I’ve Loved You So Long torna-se absurdamente interessante por mostrar os efeitos que o ato de Juliette (o qual a levou à prisão) teve e tem sobre Léa. Desta forma, a fita enquadra em seu centro a relação de duas irmãs – e em dado momento com a mãe – e funciona como um acerto de contas entre elas, mas este no sentido de recomeçar o que há tempos não existia.
No começo, utilizei a palavra mistério e fiz isso pelo seguinte fato: para ficar presa por quinze anos, Juliette cometeu um crime que jamais irá esquecer, mas só saberemos do que se trata quase no fim do filme. A hora em que ocorre a revelação de tal segredo, eu realmente não sabia se chorava ou se ficava paralisado e quieto. É algo dolorido e muito triste que coloca amor e ética em discussão, por isso não comento mais nada sobre o ápice da película. Tudo gira em torno da nova vida a que a personagem de Kristin está submetida e o tempo todo percebemos sua irmã alavancar este recomeço. Com o passar dos dias, Juliette vê na sobrinha - a qual foi adotada e a resposta para esta decisão de Luc e Léa será dada no mesmo instante da revelação de Juliette – uma maneira de ver a vida por outro lado e, relembrando os bons tempos de criança, minimizar a dor que sente e, desta forma, voltar a viver. O diretor e roteirista Philippe Claudel é simplesmente incrível na condução do texto e do elenco. Se o texto fosse exposto de forma crua e direta, a fita seria angustiante, mas Claudel esbanja sensibilidade e, principalmente, cautela.
A técnica é interessante e alguns dizem que existem algumas metáforas acerca da fotografia: céu escuro, casa escura... Tudo denotando uma certa atmosfera nebulosa. Jean-Louis Aubert compõe a trilha que não me agradou muito. Apesar de seguir o tom melancólico e, ao mesmo tempo, sensível da película, escapa pelas mãos do compositor que exagera em alguns dos movimentos. O elenco é maravilhoso, mas não tem como deixar de destacar Kristin Scott Thomas: é um absurdo não vê-la entre as cinco indicadas ao Oscar! Sua Juliette é contida e vemos que ela tomou a personagem para si e viveu tudo aquilo. Sofre o tempo todo com as decisões que Juliette toma e se emociona como se os conselhos de Léa viesses de sua própria irmã, na vida real. Maravilha, espetacular! O elenco de suporte, isto é, coadjuvante, também não faz feio. Elsa Zylberstein foi elogiadíssima pela crítica, mas confesso que sua força só será mostrada lá depois da metade do filme; mas quando vem, é de tirar o chapéu. Tentei entender, durante o filme, o porquê de ter sido tão ignorado nesta temporada. Pra mim, foi a grande surpresa. Um filme forte, mas ao mesmo tempo belíssimo.
Nota: 9,0
Il y a Longtemps Que Je T'aime; FRANÇA/ALEMANHA, 2008; DRAMA; de Philippe Claudel; Com: Kristin Scott Thomas, Elsa Zylberstein, Serge Hazanavicius, Laurent Grévill, Frédéric Pierrot, Claire Johnston, Olivier Cruveiller.
No começo, utilizei a palavra mistério e fiz isso pelo seguinte fato: para ficar presa por quinze anos, Juliette cometeu um crime que jamais irá esquecer, mas só saberemos do que se trata quase no fim do filme. A hora em que ocorre a revelação de tal segredo, eu realmente não sabia se chorava ou se ficava paralisado e quieto. É algo dolorido e muito triste que coloca amor e ética em discussão, por isso não comento mais nada sobre o ápice da película. Tudo gira em torno da nova vida a que a personagem de Kristin está submetida e o tempo todo percebemos sua irmã alavancar este recomeço. Com o passar dos dias, Juliette vê na sobrinha - a qual foi adotada e a resposta para esta decisão de Luc e Léa será dada no mesmo instante da revelação de Juliette – uma maneira de ver a vida por outro lado e, relembrando os bons tempos de criança, minimizar a dor que sente e, desta forma, voltar a viver. O diretor e roteirista Philippe Claudel é simplesmente incrível na condução do texto e do elenco. Se o texto fosse exposto de forma crua e direta, a fita seria angustiante, mas Claudel esbanja sensibilidade e, principalmente, cautela.
A técnica é interessante e alguns dizem que existem algumas metáforas acerca da fotografia: céu escuro, casa escura... Tudo denotando uma certa atmosfera nebulosa. Jean-Louis Aubert compõe a trilha que não me agradou muito. Apesar de seguir o tom melancólico e, ao mesmo tempo, sensível da película, escapa pelas mãos do compositor que exagera em alguns dos movimentos. O elenco é maravilhoso, mas não tem como deixar de destacar Kristin Scott Thomas: é um absurdo não vê-la entre as cinco indicadas ao Oscar! Sua Juliette é contida e vemos que ela tomou a personagem para si e viveu tudo aquilo. Sofre o tempo todo com as decisões que Juliette toma e se emociona como se os conselhos de Léa viesses de sua própria irmã, na vida real. Maravilha, espetacular! O elenco de suporte, isto é, coadjuvante, também não faz feio. Elsa Zylberstein foi elogiadíssima pela crítica, mas confesso que sua força só será mostrada lá depois da metade do filme; mas quando vem, é de tirar o chapéu. Tentei entender, durante o filme, o porquê de ter sido tão ignorado nesta temporada. Pra mim, foi a grande surpresa. Um filme forte, mas ao mesmo tempo belíssimo.
Nota: 9,0
Il y a Longtemps Que Je T'aime; FRANÇA/ALEMANHA, 2008; DRAMA; de Philippe Claudel; Com: Kristin Scott Thomas, Elsa Zylberstein, Serge Hazanavicius, Laurent Grévill, Frédéric Pierrot, Claire Johnston, Olivier Cruveiller.
11 comentários:
Como ainda não vi "I've Loved You So Long" (não acostumei com a tradução, rsrs) não posso opinar sobre várias coisas que me parecem cruciais no filme, como a interpretação de Kristin Scott Thomas e o roteiro (que foi muito elogiado pelos festivais onde passou).
Engraçado que este filme não ganhou o César de filme e atriz - o que eu de fato jurava que fosse acontecer. Nem "Entre Os Muros da Escola" (ou Entre Les Murs ou The Class, como preferir) saiu vitorioso, mas sim Séraphine.
Agora, sobre o que me disse lá no blog há pouco, gostaria de uma explicação! :-) Acho que você é o primeiro a colocar a atuação de Ledger em "BBMountain" em cheque - e até mesmo o filme, tão idolatrado por aí (e nome fácil no Top10 de vários cinéfilos amigos nossos).
Um abraço, Kau!!!!
Opa, saiu em DVD?
Olá, Kau! Tudo bem?
Como disse ao Alex, quero muito ver este filme, gostei muito da premissa e parece mesmo que Kristin Scott Thomas está ótima no filme. Gosto muito do trabalho dela e merecia ser mais reconhecido! Espero poder ver em breve! ;)
Beijos! ;)
Weiner, fiquei chocado quando vi que os favoritos perderam o César justamente para o menos falado. Mas acontece... Espero que veja rápido ao filme, pois é lindo. Sobre Brokeback Mountain e o titio Heath (que God o tenha): sendo BEM direto eu acho o filme extremamente bruto e frio. Aquilo, pra mim, é muito mais carnal que sentimental, sabe?? E o cara vai bem sim. Somente acho que é preciso muito mais que apenas fazer um sotaque para ir MUITO bem, hahahahahaha. Mas conversamos melhor no MSN, ok?! Abração!
Cassiano, ainda não (que eu saiba). Meu grande amigo Torrent que trouxe - graças ao Alex!!!
Mayara, tudo ótimo e vc?! Espero que vc assista logo ao filme. Se gosta de dramas bem fortes e com um desfecho chocante, é capaz que dê uma nota parecida com a minha. Kristin é um espetáculo nesse filme. Beijos!!
Duas ótimas atrizes numa bo história.
Deve ser interessante.
Abraço
Já vi diversos comentários positivos a esse filme, principalmente pela atuação da Kristin Scott Thomas, com sua cara de tristeza em todas as imagens que vejo. Quero muito ver esse filme.
E a trama me lembrou de leve O Casamento de Rachel, não sei por que.
Ainda não tive a chance de ver - na espera !
Não sabia desse filme, parece muito interessante...
Hugo, é bastante interessante. Abs!
Ibertson, a trama lembra Rachel Getting Married por tratar do relacionamento entre duas irmãs que não se viam há tempos. Mas em termos de roteiro, é completamente diferente.
Cleber, é um belo filme!
Robson, jura??? Talvez você conheça por I've Loved You so Long...
Não achei o filme tudo isso não...
Tem muitas situações jogadas e sem conexões...
Eu esperava bem mais...
Mas Kristin e Elsa estão perfeitas!
Alex, discordo. Acho que tudo e conectado perfeitamente ao centro do texto. Perceba que todas as sub-história são decorrentes do segredo de Juliette.
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