quarta-feira, 18 de março de 2009

Um piloto impressionante!


Ontem foi ao ar, na Warner, o piloto da série Fringe. Depois de ouvir inúmeros elogios me arrisquei, mesmo que com um pé atrás. O que aconteceu é que o episódio é extraordinário. A temática é muito atual e mostra a linha tênue que separa a ficção científica da realidade. Fala de ciência, ética, moral e até de amor. Em suma, a série é isto: "Quando um acidente aéreo ocorre em Boston, matando todos os passageiros e a tripulação de forma chocante, a agente especial do FBI Olivia Dunham (a novata Anna Torv) é chamada para investigar. Depois que seu parceiro, o agente especial John Scott (Mark Valley, de Boston Legal), quase morre durante a investigação, Olivia procura desesperadamente por ajuda e acaba conhecendo o Dr. Walter Bishop (John Noble, o Denethor de O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei), considerado o Einstein da nossa geração. Só há um problema: Walter esteve internado em uma clínica psiquiátrica pelos últimos 17 anos e a única forma de questioná-lo é pedindo ajuda a Peter Bishop (Joshua Jackson, o Pacey de Dawson's Creek), o estranho filho de Walter que possui um QI de 190. Quando a investigação de Olivia a leva à manipuladora executiva Nina Sharp, esse trio improvável, ao lado dos agentes do FBI, Philip Broyles (Abaddon, de Lost) e Astrid Farnsworth, vai descobrir que o que aconteceu com o vôo 627 é apenas um pedaço de uma verdade maior e mais chocante.". Não é de arrepiar?! E se eu contar que tudo isso é abordado apenas no piloto?! É frenético, alucinante e no mínimo tende ao genial. Anna Torv já é uma revelação e John Noble é incrível como médico meio maluco.
Bom, fica aí a dica. É provável que tenha reprise do primeiro episódio no domingo. A série vai ao ar todas as terças-feiras às 22hrs na Warner Channel. Vale a pena!
E por falar em séries, andei passando o olho na Central de Notícias (aqui do lado direito do blog) e me deparei com a notícia de que David Chase, autor de The Sopranos, volta à HBO para produzir uma nova série (A Ribbon of Dreams) sobre a história de Hollywood; contará a evolução da indústria cinematográfica nos EUA, desde o cinema mudo até ao modelo atual. Não é um excelente projeto? Para ler mais sobre ele, clique aqui.

terça-feira, 17 de março de 2009

Especial PTA: Boogie Nights - Prazer Sem Limites

No telefilme Gia – Fama e Destruição nos é exposto o auge e a decadência da carreira da primeira grande top model mundial, Gia Carangi. Em Johnny e June somos apresentados também ao auge e declínio de alguém, neste caso do cantor Johnny Cash. O que os dois personagens principais dos filmes citados têm em comum?! Ambos chegaram ao fundo do poço não só por ações mundanas, mas sim por problemas sérios com drogas. Pode-se dizer que o mesmo será observado em Boogie Nights – Prazer Sem Limites, mas o tema vai muito mais além, pois enfoca o que cada pessoa faz para alcançar a fama, e o fundo do poço parece ser inerente à vida dos personagens. Então, como esta fita de Paul Thomas Anderson coloca a fama e suas conseqüências em evidencia, conseguimos enxergar, mais uma vez, semelhanças com as outras duas películas citadas.

O roteiro de Boogie Nights, escrito pelo próprio PTA, trás a tona, mais uma vez, uma história multinuclear, ou seja, com vários personagens se entrelaçando o tempo todo. Apesar de ser menos complexo que Magnólia, o filme tem um grau de dificuldade em sua exposição, uma vez que nos apresenta o interessante mundo acerca da indústria pornô cinematográfica. Na verdade, Paul opta por ambientar o filme no fim dos anos 70 e começo dos 80, onde os “filmes para adultos” tiveram uma ascensão incrível tanto em termos de qualidade, quanto em termos de público alvo. Mark Wahlberg interpreta Eddie, um garoto que sabe que tem um dom, mas não consegue encontrar seu lugar ao sol, ate que é descoberto pelo cineasta Jack Horner (Burt Reynolds), o qual é conhecidíssimo no ramo pornográfico. Não demora muito e Eddie já está muito a vontade neste ambiente diferente do convencional e nele conhece pessoas muito interessantes como Amber (Julianne Moore), que é atriz pornô mas tem um segredo difícil em seu coração; Brandy também é atriz, mas sofre discriminações na escola por isso; Antony (John C. Reilly), é ator profissional no ramo e Buck (Don Cheadle) que, aparentemente, segue a mesma carreira mas tem sonhos mais abrangentes; Scotty (Philip Seymour Hoffman) que trabalha na parte da produção e se vê apaixonado pelo mais novo astro da companhia, Dirk Diggler (o nome artístico escolhido por Eddie).

O texto divaga por esse mundo peculiar e, por oras, freak e vai mostrando a ascensão de Dirk até chegar ao seu grande auge. Mas como é comum que aconteça – e particularmente não sei dizer o porquê – tudo que sobe um dia deve cair. Dirk vira um viciado em cocaína e vê seu dom cair por terra e, com isso, acaba brigando com Jack e deixando a produtora. O fundo do poço estava preparado para ele, mas um desfecho um tanto quanto paradoxal esta reservado para todos. O mais interessante na direção de Anderson é que, mesmo com o tema, ele não deixa que seu filme tome um caminho pervertido e nem vulgar. É uma direção muito cautelos e esta é uma característica indelével na carreira deste diretor. Ele insere artifícios de câmera que, mesmo vistos novamente em Magnólia, continuam funcionando muito bem. O melhor deles, sem dúvidas, são os longos e maravilhosos travellings, ou seja, tomadas nas quais Paul segue um dado personagem com a câmera, sem cortes, até onde ele for e, por algumas vezes, chega a “trocar” de alvo, recomeçando o ciclo. No mais, mostra mais uma vez a impressionante capacidade de conduzir um elenco como mostrou em todos os filmes, até agora. Mark é ótimo no papel de ator pornô, assim como John C. Reilly. Philip, como sempre, está brilhante e o mesmo posso dizer da genial composição de Julianne Moore. A técnica é muito boa, mas confesso que esperava muito mais de Robert Elswit e sua fotografia. Os figurinos, entretanto, são um charme e mereciam ser levados mais em consideração (Mark Bridges, subestimado figurinista de todos os filmes de PTA).

Mesmo tangendo a esfera do cinema pornográfico, a fita não fica só por aí. Apesar de apresentar alguns conflitos recorrentes na vida de alguns personagens – os quais vão “além ofício” – acredito que o filme é longo demais para o que propõe. Como eu comentei, o desfecho é paradoxal e não vejo outro adjetivo para ele. Ao mesmo tempo em que gostei bastante do final de alguns personagens, fiquei insatisfeito com os de outros, por serem decorrentes de situações um pouco absurdas (o caso de Buck) ou ainda clichês (como o final do próprio Dirk). A partir do desfecho nós podemos concluir que para se encaixar na vida, precisamos passar dos limites e passar por maus bocados; só assim aprenderemos. Muitas vezes podemos tirar proveito da desgraça dos outros e mesmo isso sendo muito imoral, acaba sendo pautado na película. Assim como os demais filmes de Paul Thomas Anderson, este “Prazer Sem Limites” tem complexidades incrustadas em seu cerne, mesmo que não muito difíceis. Mais um ótimo filme de um extraordinário diretor. Aguardem a próxima resenha do especial: falarei sobre o diferente Embriagado de Amor.




Nota: 8,5



Boogie Nights; EUA, 1997; DRAMA; de Paul Thomas Anderson; Com: Mark Wahlberg, Burt Reynolds, Luis Guzmán, Julianne Moore, Don Cheadle, Philip Seymour Hoffman, Heather Graham, Thomas Jane, William H. Macy, John C. Reilly.

domingo, 15 de março de 2009

30 Dias de Noite


O clima dark, remoto e gelado do Alaska ajudou a montar este filme que, por muitos, foi considerado um dos melhores terrores da atualidade. O que acontece é que, desde os primeiros minutos de 30 Dias de Noite, o diretor David Slade faz questão de tentar explicar o porquê de aquelas pessoas viverem de forma tão isolada e esta explicação tenta ser embasada com algumas metáforas infundadas. Durante trinta dias de inverno, a cidade ficará na completa escuridão – o que, de fato, acontece por lá – e durante estes “dias de noite” um grupo de coisas atacará a população local. Refiro-me às “coisas” por que simplesmente não sabemos o que eles são. As sinopses que encontramos nos dizem que é um grupo de vampiros, mas o roteiro não deixa claro se realmente são e, inclusive, de onde vieram.

Eben (Josh Hartnett) é o xerife local e está aparentemente perdido por ter terminado seu relacionamento com Stella (Melissa George), mas a vida dos personagens não vem ao caso. Quando um estranho (Ben Foster como sempre excelente) chega à cidade, fatos estranhos começam a acontecer e tudo indica que ele sabe o que está por vir. Surge então, do nada, um grupo de seres que se alimentam de sangue (ou carne?) humano e obviamente vão dizimar parcialmente o local. Não sabem, porém, qual a relação entre o estranho e o grupo sanguinário. Assim, por trinta intermináveis dias escuros, os sobreviventes terão que se virar para não caírem nas garras dos seres. O desenvolvimento da fita não tem nenhum diferencial: é igualzinho aos demais filmes do gênero que estamos cansados de ver. Não posso negar que algumas sequências são tensas e tomei um ou dois sustos. Porém, tudo desemboca num final que beira o ridículo.

A técnica da película é bem interessante. Jo Willems é certeiro na escolha de ângulos que favoreçam o clima sombrio do filme e faz com que a fotografia seja bastante correta. Não sei bem se aquele vilarejo já existia; se é tudo fruto de um desenho de produção, a direção de arte é sensacional. A maquiagem é competente e os efeitos visuais também. O elenco tenta e se esforça, mas o roteiro (de Steve Niles, Stuart Beattie e Brian Nelson, baseado em quadrinhos de Steve Niles e Ben Templesmith) é confuso e não desenvolve os personagens. Óbvio que sou obrigado a citar, em especial, o subestimado Ben Foster que, pra mim, sempre está maravilhoso no cinema (e não fez por menos na obra-prima televisiva Six Feet Under). Por ser baseado em quadrinhos, o texto deveria ser bem mais claro e coerente, o que está longe de ser. Mesmo sendo tecnicamente bem legal, 30 Dias de Noite torna-se uma tentativa errônea de transpor um material que deve ser muito bom. É só mais um filme com muito sangue e pessoas sendo comidas por seres vindos do nada...


Nota: 5,0

30 Days of Night; NOVA ZELÂNDIA/EUA, 2007; TERROR/SUSPENSE; de David Slade; Com: Josh Harnett, Melissa George, Danny Huston, Ben Foster, Mark Boone Jr., Mark Rendall, Manu Bennett, Amber Sainsbury.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Lil, Alexis, Megan, Adam e Adele

Bom, fiz isso bem de última hora. Estou um tantinho cansado, pois hoje já comecei no estágio - para o qual eu tive que fazer aquela prova que me deixou fora do ar por umas semanas, lembram?! - e não estou inspirado o suficiente para escrever a segunda parte do Especial PTA (clique aqui para ver a primeira parte) e tampouco para divagar sobre a pequena obra-prima que vi ontem, O Piano. Então, vou postar cinco vídeos: os quatro primeiros se referem aos meus quatro preferidos da oitava temporada do American Idol (Lil, Alexis, Adam e Megan, respectivamente) e peço que mesmo os que não acompanham o programa, deem uma olhadela neles. Lil tem um vocal absurdo, Alexis seduziria até o Papa, Adam fez algo impressionante com "Satisfaction" dos Rolling Stones e Megan é simplesmente uma das mais interessantes e diferentes cantoras a passar pelo programa. Por fim, resolvi colocar o clipe da canção "Chasing Pavements" da minha mais nova paixão, Adele. A música é maravilhosa e este vídeo lindo de morrer (além de super original). É isso, meus caros amigos e amigas! Tenham todos um excelente fim de semana!












quinta-feira, 12 de março de 2009

Onde os Fracos Não Têm Vez


A violência. O caos instalado numa terra sem leis. Um caçador encontra uma valise cheia de dinheiro. Um sádico assassino a solta. E um xerife buscando trazer a utópica paz ao local. Estamos no Texas, década de 80, local onde se desenrola o filme dos irmãos Joel e Ethan Coen o qual foi adaptado da obra-prima de Cormac McCarthy (Onde os Velhos Não Têm Vez) e venceu quatro Oscar, incluindo Melhor Filme. O que mais impressiona na obra literária é a densidade da história e a quantidade de metáforas acerca delas e, por isso, o trabalho dos Coen não foi fácil. Eles deixam o conhecido humor negro que sempre utilizam em seus filmes, e abrem as portas para um roteiro frio, pesado e que, a meu ver, acompanha perfeitamente o livro e se faz, assim como ele, pessimista.

Llewelyn Moss (Josh Brolin), é um caçador que, por força do destino, encontra uma mala minada de dinheiro e, não muito longe dali, um massacre no meio do deserto. O caçador, nesta altura, tinha duas certezas: a primeira é que pegaria o dinheiro e a segunda é que, sem a menor dúvida, alguém, mais cedo ou mais tarde, estaria atrás dele para recuperar a quantia. Não pestaneja e leva a valise para seu trailer, mas o tempo todo ele sabe que aquilo não acabaria bem. Começa, então, a ser perseguido por traficantes mexicanos – uma vez que fica claro que a chacina foi decorrente de uma transação que não deu certo – e, como se não bastasse, um matador absurdamente cruel, Anton Chigurh (Javier Bardem), também começa a caçar Llewelyn. No mesmo local o xerife Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones) tenta encontrar Llewelyn antes que Anton o faça, mas logo percebe que, de fato, será um fardo pesado demais uma vez que o matador é astuto e não poupa nenhuma vida. A cada pista seguida, Ed encontra um ou mais corpos que foram brutalmente exterminados, à queima roupa, por Chigurh. Basicamente, a trama do filme é esta. Joel e Ethan, de forma muito respeitosa, transpõem o livro para o cinema de forma exemplar. Os diálogos existentes na obra de Cormac são, em sua maioria, impactantes e os cineastas não pouparam esforços para captá-los e inseri-los na fita ao pé da letra.

Além de um belo roteiro, Onde os Fracos Não Têm Vez conta com uma direção interessante dos irmãos. O primeiro contato que temos com o massacre inicial é impressionante, pois tudo é muito real e isto e afirmado pela total falta de trilha sonora. Além disso, Joel e Ethan preferem por derramar na película algumas metáforas interessantes, as quais sempre são remetidas à nossa sociedade. Como é normal, os Coen desenvolvem seu elenco de maneira singular: Tommy Lee Jones é o xerife cansado, mas é a personificação de esperança – mesmo esta sendo totalmente negada na cena final; Josh Brolin e Kelly Macdonald (que interpreta a namorada de Llewelyn) representam a sociedade “indefesa” que tenta não cair nas garras da personificação da maldade salpicada com violência, Javier Bardem. A montagem segue o ritmo do filme o tempo todo e é bastante correta, assim como a parte sonora. Roger Deakins aproveita a região desértica do Texas e apresenta uma direção de fotografia absurda que, pra mim, quase chega à perfeição. Em suma, tudo gira em torno de algum trâmite que não deu certo e, por essa razão, desencadeará um jogo de vida ou morte, onde sair ferido é o mínimo que pode acontecer.

Gostaria de deixar um parágrafo para o desfecho do filme. Tive a oportunidade de ler a obra, mas fiz isto após ver à fita. Quando fechei o livro, fiquei em estado de choque, pois os diretores sugaram a essência de uma última página pessimista e a despejaram dentro do desfecho do filme o que, a meu ver, é uma sacada genial. Romantizar algo que é impossível de acontecer – no caso, ter um final feliz - é jogada para diretores fracos e bobinhos o que prova, definitivamente, que os Coen são geniais. Tommy Lee Jones faz um discurso no qual descreve uma sociedade pacífica, digna e menos brutal. Queremos apenas não ter nossas vidas decididas por um jogo de cara-ou-coroa, ou ainda não precisamos morrer num simples atravessar de rua. Sonhar com tudo isso não é proibido, o problema é quando acordamos e percebemos que era, de fato, somente um sonho. Assim termina a fábula do terror e da violência extraída com precisão de uma obra literária pelos grandes Joel e Ethan.


Nota: 9,0



No Country For Old Men; EUA, 2007; DRAMA; de Joel e Ethan Coen; Com: Josh Brolin, Javier Bardem, Tommy Lee Jones, Kelly Macdonald, Woody Harrelson.